O mesmo passado que neste exato presente me atormenta sob a velha falta de ar.
Então eis que você vem diante de mim novamente, com aquele
refrão e filosofias de que devo acreditar que você vai mudar tudo, me mudar,
onde o mundo cinza se tornará azul. A luz no fim do túnel, o ar depois do
afogamento. Logo eu, morto em pensamentos de anos me atormentando escutando
isso, tudo sempre retorna, reprocesso.
Anos voltando, vida encurtando, passando ao meu lado esse
espirito frio de sempre, as dores, o odor, tudo relacionado com a minha
vivencia. E eu queria estar com a alma quebrada ainda, juro, mas nunca disse
uma palavra em minha cabeça, nunca falei em desisti, mas as partes parece
voltar ao meu quarto, sozinho aqui, hoje a noite, agora o nunca, nunca foi tão
presente
.
Então fico esperando um remédio de hipocrisia, esperando com
que voce se transforme no meu passado, no meu futuro, espero, fico olhando o
olhar de um belo coração atormentado tanto quanto o meu, perdido, mas disposto em
molhar as mãos pesadas em minha alma.
Pra que o refrão afinal? Vale a pena? Números de uma
contagem regressiva, onde as vezes o mais parece cada vez menos, largar tudo
pode ser o alivio sempre esperado, mas não sou eu quem adora largar tudo
sempre? E porque hoje não? Justamente pelo refrão cantado através da luz
pequena, se apagando. E o fim eu conheço desde a primeira linha escrita naquele
caderno velho.