quinta-feira, 16 de junho de 2016

Guernica

Sofrimento gritante sob fogos e uma dor imensurável. Os olhos já se transformaram em água, choram com o poder de não fazer nada para mudar o que está por vir, o que está acontecendo.
Um sonho, um sonambulismo, tentar correr, fugir para um lugar mais longe possível, não conseguir. Tente sair, espere então parado por todo esse desespero que tomam conta do ar. Respire fundo, não mais. Ao menos levante o rosto, olha o que está sob o céu, a luz que ilumina todo esse ambiente preto, cinza e branco.
Da direita pra esquerda o movimento cega, entristece. Realista como nossos olhos angustiados.
Tocha em elétrica, os ombros por não suportarem mais, deslocaram-se. Compreender não se é mais possível, sentir se faz necessário.
Logo no chão, o eu. Desfigurado, massacrado por você, as armas que tinha se quebraram, a vontade que um dia tive, já se não faz parte. Em minhas mãos, o futuro dilacerado, cortados como se fosse predestinado a isso. Agora um fim.
No alto um pequeno deus, olhos que não chegam alcançar o que é preciso. O cavalo, simbolo de força já não é mais o mesmo, gira em torno desse desastre que somos nós. Ainda acredita que possa voltar ao normal, a incerteza impera.
Ao final, imponente como um touro indomável, são seus olhos penetrando e me dizendo tudo que tenho que fazer, sentir.
Ao menos, sei que em quase 14 metros de altura, a queda não dói tanto quanto esse fogo que insiste em não apagar. Ao menos, sei que essa pequena flor, desenhada com traços de uma criança, me trás a paz que preciso, me faz ver que ainda não acabamos. Ao menos a flor é a esperança do nosso longo futuro.

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