sábado, 1 de abril de 2017

Entre espelhos

E se não pudemos mais pensar, em mais nada. Se ao menos não pudemos ao menos falar, o que pensamos. 
Talvez se não pudemos andar mais. Ou pelo menos se não ficássemos parados, estagnados em nossos universos paralelos.
E se não pudemos mais sorrir. Talvez se não fosse tão falso quanto o fazemos todos os dias.
E se parar de respirar fosse um alivio? Se ao menos não doesse tanto. 
Dizemos que seria muito fácil, quando na verdade é um choque pensar que não. 
E se pudéssemos voar? Tudo seria mais fácil? Justamente quando não queremos nem sair do quarto nesses dias cinzas.
E se pudéssemos ter o poder de mudar o amanhã? Como faríamos se ao mesmo tempo queremos voltar para o ontem? 
Parar de olhar, para de sentir, ou voltar a dor de outrora? Deixar de demonstrar, deixar de sofrer ou viver sem luz, insosso? 
Já não possuo resposta para nada disso, continuo aqui percebendo tudo mudar e nada se transformar, uma mesmice. Poluição dentro de olhos cansados, destruição ambulante em uma mente já dominada.
Em tempos que tentar fazer e conseguir é ao mesmo tempo o querer e não o ter. Por isso eu entendo a dor, e compreendo o que está prestes a fazer. 
E se eu te dissesse que faria tudo de novo? E se eu pudesse ter essa mesma coragem? 

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